“O importante papel que os dirigíveis e aviões seriam chamados a desempenhar, em futuro breve, logo nas primeiras décadas do século XX, recomendando, assim, a criação de instituições de ensino de aerodinâmica, de materiais e processos, de estruturas e construções de aparelhos aéreos e de pesquisa de materiais e motores, bem como de ensino de comunicações aéreas e de meteorologia. Cada país deveria desenvolver sua própria tecnologia, a par com o avanço da ciência aeronáutica, dirigida para projetos e produção de aparelhos, e também como desenvolver produtos e materiais, de acordo com processos e métodos técnicos dos respectivos parques industriais”.
- Albert Santos
Dumont (1873 – 1932)
O fomento à atividade
espacial contribuiu significadamente para um amplo programa de desenvolvimento
para o Brasil. Sejam pelos dados e informações disponibilizados, sejam pelas
imagens orbitais e geo-dados coletados sobre o território nacional, como também
o efeito indutor de inovação que resulta dos esforços na aquisição e no
desenvolvimento de tecnologias de ponta e de conhecimentos críticos para
atender as demandas do Programa Nacional de Atividades Espaciais, o PNAE (2005
– 2014), os quais resultam em transferência de tecnologia para a indústria e
benefícios para a sociedade.
O PNAE tem como principal
objetivo capacitar a nação para o desenvolvimento e o emprego de tecnologias
espaciais na solução de problemas nacionais e em benefício da sociedade brasileira,
contribuindo substancialmente para a melhoria da qualidade de vida, por meio de
geração de riqueza e oferta de empregos, do aprimoramento científico, da
ampliação da consci6encia sobre o território e melhor percepção das condições
ambientais.
O alto investimento que
exige o setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I) no campo
Espacial, requer critérios rigorosos e pontuais que resultem em impactos
significativos em vantagens técnicas e respondessem de modo efetivo às
necessidades da nação como um todo. Neste caso, foram selecionadas as seguintes
ares estratégicas prioritárias para investimentos: Observação da terra, Missões Científicas e Tecnológicas,
Telecomunicações e Meteorologia.
O grande ganho auferido das
pesquisas espaciais têm um largo espectro tecnológico e científico, que inicia
na formação da massa crítica como um forte capital intelectual, até a aplicação
de ferramenta inovadora e potencializadora industrial que resulta em produtos e
serviços tecnológicos para a sociedade.
Como exemplos deste
benefício, podemos destacar os satélites de Observação da Terra (CBERS), com
sensores imageadores que prospectam o planeta em períodos curtos de tempo,
fundamentais para a identificação das “doenças
da superfície terrestre” (desmatamento, degradação ambiental), coleta de
informações em locais de difíceis previsão e acesso, como nos desastres
naturais (inundações, tufões, ciclones), ou nos eventos antrópicos (queimadas,
desertificações), ou aplicados para o gerenciamento de crises.
O início da participação
brasileira na Era Espacial foi em 1961 quando o Ministério da Aeronáutica
fomentou pesquisas na área espacial, como o desenvolvimento de pequenos
foguetes para aplicações meteorológicas como apoio à Força Aérea. Nos anos
seguintes, foi criado o Grupo Executivo e de Trabalhos e Estudos Espaciais com
objetivo de realizar pesquisas espaciais. A primeira tarefa e desafio do Grupo,
com apoio do CNPq, foram o planejamento e implantação do Centro de lançamento
de foguetes da barreira do inferno (CLFBI) na praia de Ponta Negra, localizada
ao sul de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Esta região foi selecionada
para a primeira base de foguetes brasileira, considerando a posição do Equador
Magnético Terrestre que passava sobre Natal; baixa densidade demográfica;
facilidade de apoio logística; baixa pluviometria, etc.
O CLFBI foi criado
oficialmente no dia 12 de outubro de 1965, através da Portaria No. S -139 /
GM3, colocando o Brasil no seleto Grupo da Comunidade Espacial mundial,
consolidando progressivamente nestes mais de 40 anos, o domínio e aplicação da
tecnologia espacial. Toda ciência e tecnologia espaciais no Brasil têm como
suporte principal as seguintes instituições:
- AEB – Agência Espacial Brasileira;
- INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais;
- CT A – Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial;
- IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço;
- ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica;
- IFI – Instituto de fomento e Coordenação Industrial;
- CLBI – Centro de Lançamento da Barreira do Inferno;
- CLA – Centro de Lançamento de Alcântara.
Outro passo importante foi a
criação pela AEB do Programa UNISPAÇO, que tem por objetivo geral “integrar o setor universitário à realização
do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender à demanda
tecnológica do setor, no desenvolvimento de produtos e processos, análises e
estudos. A idéia é formar uma base sólida de pesquisa e desenvolvimento
composta por núcleos especializados capazes de executar projetos na área
espacial”. Bem como:
- Estimular e ampliar a participação de universidades e outras instituições de pesquisa no PNAE;
- Promover projetos de pesquisas a partir de temas selecionados pelo Programa, gerando produtos tangíveis e não-tangíveis, podendo incluir o desenvolvimento de protótipos;
- Aprimorar núcleos de pesquisa e desenvolvimento, capacitando-os a executar projetos de maior vulto e complexidade.
O Programa UNIESPAÇO segue orientações de uma
Comissão de Coordenação (CCO), formada por representantes da AEB, do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço
do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (IAE/CTA).
A Universidade Estadual de
Londrina (UEL) participa do UNIESPAÇO com dois projetos coordenados pelo Prof.
Dr. Marcelo Carvalho Tosin, líder do grupo de Pesquisa/CNPq “NATA – Núcleo de
Atividades Aeroespaciais, do Dept. de Engenharia Elétrica/UEL:
- Unidade de Medida de Aceleração – UMA. Descrição: O programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB) tem por objetivo disponibilizar um ambiente com acelerações quase nulas para a realização de experiências científicas.
- Desenvolvimento de um Determinador de Atitude. O presente projeto tem como objetivo principal o desenvolvimento de um determinador de atitude baseado em sensores MEMS. Este determinador utiliza o campo geomagnético e o campo gravitacional terrestre como referências para o cálculo da atitude. Este sistema também utiliza informações sobre a velocidade angular do objeto obtida por girômetros
Outro
projeto sob a responsabilidade do Dr. TOSIN é o “Determinador de Atitude Baseada
em Medidas Inerciais e em Referências Geo Magnéticas e Gravitacional”’. O
projeto tem por objetivo principal a obtenção de tecnologia para a construção
de um determinador de atitude comercial baseado em sensores MEMS. A proposta é
apoiada pelo CNPq através do edital RHAE 32/2007.
Fontes Consultadas:
- CLBI – 40 Anos na Atividade Espacial/Min. Aeronáutica (2005).
- AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA - Programa Nacional de Atividades Espacial: PNAE / Agência Espacial Brasileira. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, Agência Espacial Brasileira, 2005
- AEB: HTTP://www.aeb.gov.br
- CNPq: HTTP://www.cnpq.br
- CTA: HTTP://www.cta.br
- IAE: HTTP://www.iae.cta.br
- INPE: HTTP://www.inpe.br
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